Agora o que eu precisava era de um cataclismo universal. De
uma ausência de movimento. Que parassem as leis da termodinâmica, da gravidade
e as outras universais e que o tempo ficasse como está. Que tudo deixasse de ir
na direcção da morte. Apenas por algum tempo, para termos tempo de amar ainda
como somos, com toda a energia e vontade de dar ao outro o que temos para dar,
tudo o que temos para dar, no íntimo, na partilha, no sexo, no amor que ainda
podemos oferecer se esse inexorável movimento parasse, se quedasse em suspenso
da carícia, do afecto, do gesto interminável de gostar.
Seria, claro, uma suspensão provisória, para que as anãs
brancas não se aquietassem para sempre e as gigantes vermelhas não fossem
impedidas de se consumirem no seu fogo interno, tão quente. Haverá maior buraco
negro que aquele que nos transforma em menos que pó? Gostava tanto de acreditar
na reencarnação!
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