sábado, 24 de setembro de 2011

O que não lerás

I
Uma energia criativa congrega-se subitamente
e enche espaço de entropia possível.
Palavras.
Listas azuis e amarelas no verde tomilho.
Sexo redondo por cima da água prata.
Sons.
Imaginar o que é preciso para o encontro destas matérias.
Imaginar o trabalho de todas as forças que concorrem
para este raro encontro no tempo.
Desafiar todas as causalidades e todas as partículas.
Descentrar-se, um evento raro.
Encontrar no lugar do outro o seu lugar.
Pleno e aberto.
Total, com a individualidade intacta.
Difícil conjugação estelar.
Poeira.

II
Este sofrimento que se instala como um paludismo recorrente.
Mosquito de água nos olhos.
Uma solidão cristal.
Casulo, borboletas ausentes.
Tropeçar no caminho para dentro e aquietar o sangue.
E o tempo.
Uma resina escorre nas alamedas da luz.
Uma neblina âmbar cavalga o Sol.
Emagrece o ar da manhã e não vejo barcos.
Orla.
Voltar a entrar pela porta entre os olhos no patamar cúbico.
Não dizer.