O Parlamento fechou. O Governo governa via Skype a partir da
ilha de S. Miguel. O Presidente Nóvoa, estupefacto, vive na Biblioteca da
Universidade de Coimbra. Os portugueses habitam tranquilamente nas várias
cidades europeias e, muitos deles, estão casados com lindíssimos homens e mulheres
sírios e afegãos. O país está despovoado de autóctones com excepção dos
empresários dos vários hostéis e hostais e outros que tais, dos empresários de
triciclos, motociclos, tuktuks (que voltaram a poder circular em Alfama), dos
vendedores de pastéis de bacalhau com molho bernaise e dos neonatas que
abriram, finalmente, lojas fora de Belém. Em Portugal inventou-se uma
novilíngua para falar com os milhões de turistas que visitam o país. Os jornais
passaram a ser comestíveis. Por exemplo o correio da manhã passou a ter sabor a cozido à portuguesa, o público a tarte de beringela, e DN a bife com molho
à café e o expresso agora, é uma italiana em chávena fria. Quando se vê um tuga
nas ruas das nossas cidades há um certo racismo latente e temem-se, sobretudo
por parte da comunidade alemã em trânsito, reacções de xenofobia incontrolável.
Os poucos tugas que restam, vivem agora em residências temporárias, cedidas
pelos hotéis de luxo, até conseguirem um visto shengen para a França ou para a
Holanda. Em todo o país há eventos permanentes: a tea shirt letónia molhada, o
festival da dobrada à moda de Estrasburgo e muitos outros. O país agora
chama-se Toogal e as viagens low cost já não existem. Para visitar Toogal agora
não se paga nada. É considerado património da humanidade e todos os custos são
suportados pelo Vaticano e pelas agências de rating.
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