terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Quase haiku


10
A luz,
o silêncio,
a pedra
janelas sobre o verde
janelas sobre a alma
o grito de prazer
as marcas no corpo e por dentro
morangos eróticos em string húmido
amar-te mais
prosseguir contigo
quero

11
O som puro das coisas
a voz redonda
memórias doridas de uma morte criança
espaços dentro do corpo
sémen e cal
palavras com dor por fora
lágrimas
a pedra lança os dedos para a luz

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lava

9
São duas que a habitam puxando o corpo branco
e a gargantilha de prata e lava viva.
Imperceptíveis sombras esguias na alma
penduradas e de dias doridos se alimentam.
Almas lágrimas e riso de dentro.
Algum calor aflora.
Êxtase e a viagem torna-se anã e finda de si.
Tudo não partilha, apenas uma gota.
Que pouco e a sede tanta e a boca seca.
Que pouco e o tempo tão pequeno.
Voraz.
Cavalga o Sul, horizonte outro.
Lava. Menina.
Viva. Transfigura-se é nua que fica.
Recusa roupa e rasga-me o eu.