segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Nagiko II

o campo é verde tela, a pálida Sei Shönagon relê passagens do seu livro de cabeceira, escolhe corpos para escrever caligrafias de desejo da literatura e do amor que irão pontuar a paisagem ou,
quando acordo, o mar de sémen maresia salgada empurra-nos para praias de pele e gosto e cheiro o teu cheiro cavalgando rins que dançam e sorrimos ou,
em silêncio cortamos o tempo como um baralho de cartas e fazemos naipes de suor ao perde ganha até que amanheça em Nova Deli e as cidades do Ocidente não cheguem a acordar ou,
em plágio escandaloso desta fita que te conto, caligrafamos o desejo e os olhos encurtam a distância que nos une e quando chegamos às gares trocamos sinais em abraços pungentes e o transe de te dar a mão é texto que não está escrito ou,
encontro as sílabas de saudades quando te percorro no teu labirinto para logo as perder no planalto das coxas onde me sento para beber e é infindável este caminhar que me não cansa ou...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Nagiko I

Outra maneira de te contar o Livro de Cabeceira
(texto transgressor em actos e duas personagens); podia ter dito que outra maneira de te contar o livro de cabeceira era escrevermos com o meu um texto no teu corpo transgressor(dido) e no meu transgredido(ssor) e trocarmos todas as transgressões que ainda não sabemos que são e não são ou,
imagina que começo pelo pé e aí pinto pequenas sílabas de saudades que vão escorrer até ao calcanhar e perder-se nos linhos; com um gesto breve, mão não totalmente aberta e preguiçosa, recuperas duas ou três que escondes não sei onde, que as procure, não estão longe e meto-me ao caminho. Vislumbro um rio, um delta mas uma boca acena-me e entro nela. Fico por lá longo tempo com a mente no mar de saudade que perdi subitamente. Lateja-me o sangue nos teus seios e a penugem do ventre é areia onde me deito ao som da língua no meu sexo e adormeço nesta música ou,